"Que a estrada se abra a sua frente,

Que o sol brilhe morno sobre sua cabeça;

Que a chuva caia de mansinho sobre seu corpo;

Que o vento sopre leve em sua face;

E até que nos encontremos novamente;

Que os Deuses te guardem na palma de suas mãos..."

sábado, 2 de abril de 2011


CUIDAR DE QUEM CUIDOU DE VOCÊ

No dia em que eu, já com idade avançada, não for mais a mesma pessoa, tenha paciência e me compreenda... 
Quando eu derramar comida em minha roupa ou esquecer de amarrar meus sapatos, lembre-se das horas que passei ensinando-lhe a fazer as mesmas coisas. 
Se ao conversar comigo, eu repetir a mesma história, que você já sabe de cor como termina, não me interrompa e me escute... 
Quando você era pequeno, para que dormisse, tive que contar milhares de vezes as mesmas histórias, até que fechasse seus olhinhos. 
Quando estivermos juntos, se por ventura eu, sem querer, vier a fazer minhas necessidades, não sinta piedade de mim, compreenda que não tenho culpa por isso, pois já não posso mais controlá-las. Pense em quantas vezes, quando você era pequenino, eu não o julguei e fiquei pacientemente ao seu lado esperando que você terminasse o que estava fazendo. 
Não me recrimines por não querer tomar banho, nem me repreenda por isso. Lembre-se dos momentos em que tive que persegui-lo, e nos mil pretextos que tive que inventar para fazer mais agradável seu banho. 
Aceita-me e perdoa agora a criança que sou. Quando me ver atônico e desamparado em frente a todas as parafernálias tecnológicas, que não consigo entender, suplico que me dê todo o tempo que me seja necessário, sem me menosprezar com teu sorriso sarcástico. 
Lembre-se que fui eu quem lhe ensinou tantas coisas: comer, vestir-se, e sua educação para enfrentar a vida tão bem como você faz, são produtos de meu esforço e perseverança. Por meu amor a você. 
Quando algumas vezes, ao conversamos, eu vier a esquecer sobre o que estávamos falando, me dê o tempo necessário para que eu me lembre e, se eu não conseguir fazê-lo, não zombe de mim, talvez não fosse muito importante o que falávamos. 
Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo. 
Compreendas também que com o tempo já não tenho dentes para morder nem gosto para sentir. 
Quando minhas pernas falharem por eu estar cansado para andar... 
... dê-me sua mão terna, para que eu me apóie, como fiz quando você começou a caminhar com suas pernas gordinhas e frágeis. 
Não se sinta triste ou impotente por me ver como me vê. Compreenda-me e faça como fiz quando você começou a viver. 
Da mesma maneira como acompanhei em seu caminho, rogo-lhe que me acompanhe até terminar o meu, dando-me amor e paciência, que eu lhe devolverei com gratidão e sorrisos, o imenso amor que tenho por você...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário